quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O limite da verdade é a realidade

 

Um rápido tratamento de uma questão epistemológica, do que seja realmente nossa liberdade ― como ela claramente se limita ― e do valor do que é “a verdade”, a partir de um antigo diálogo num grupo de uma rede social.

Temos que “relativa” é a percepção (aquilo que no fundo e por último são meus sentidos que apreendem ― as penas daquele pássaro são azuis, seu canto é “assim”, essa rocha é avermelhada, ao tato é áspera, aquela estrela é azulada, o odor desse óleo é acre, esta fruta é adocicada, etc ― e a interpretação ― o azul, o avermelhado e o azulado atribuído, a aspereza, o odor acre, o sabor adocicado.


Mas como a percepção dos sentidos é sempre duvidosa e em função das capacidades do indivíduo, existe a relatividade, e como a mente não é uma máquina lógica de estabilidade permanente, a própria interpretação também é relativa ― e como formadora de premissas, sempre duvidosa ― ou, noutras palavras, a razão é, na sua avaliação do mundo, relativa.


A reprodutibilidade entre os humanos que avaliam produz uma maior confiança ― diversas pessoas apontam que as penas de tal pássaro são azuis. Noutras palavras, o consenso de uma coletividade de razões aproxima a avaliação e interpretação do que seja aquilo que é, que é a realidade, e produz o que seja a mais confiável “verdade”, tangenciando a percepção / avaliação do homem (humanidade) do que seja o mundo. 


Por outro lado, o humano tem seus graus de liberdade, e discussões sobre mecanismos cerebrais que limitam ou permitam uma graduação dentro dessa liberdade são aqui dispensáveis, mas é evidente que ainda que o humano possa ter a liberdade de querer voar tal como um pássaro ou morcego, ou ainda qualquer inseto, com a força de seus músculos e a envergadura de seus braços, ainda que com superfícies de sustentação ampliada por implementos, na Terra, com a sua gravidade, com a sua atmosfera, ele não pode por questões que são físicas (limites físicos), o comportamento da natureza (o real de não conseguir, na melhor hipótese, ou “eu me estatelar”, na pior).



Imagem de Brazil, o filme (1985), para deixarmos bem claro que o voo

humano aqui citado é o “auto-propulsionado”, e não pode ser confundido

com um “planeio”, evitando “espantalhos” sobre a nossa argumentação.



Disso, advém a máxima do existencialistas (como Sartre), que aqui é muito adequada: “o limite da liberdade é a verdade”, eu posso desejar e ter a liberdade de fazer qualquer coisa, o que não implica em tal poder ser amparado na realização pela “verdade”, esta sim, absoluta, que é a natureza e seu comportamento e propriedades.



Leituras recomendadas


Dicionário de Filosofia ― Verdade ― sites.google.com   

Nos nossos arquivos: docs.google.com   


“A concepção de verdade foi objeto de estudo de diversos pensadores ao longo da história da filosofia, mas três particularmente exerceram forte influência: Leibniz, Kant e Husserl. Para Leibniz seria necessário distinguir dois tipos de verdade: de um lado as verdades de razão e de outro as verdades de fato.”


A concepção filosófica da Verdade. Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 2, Volume set., Série 05/09, 2011, p.01-04. ― fabiopestanaramos.blogspot.com.  



"O homem pode fazer o que ele quer, mas não pode querer o que ele quer*... Não se pode querer o querer, pois o querer é procedente da vontade. A vontade é um impulso cego, escuro e vigoroso, sem justiça nem sentido."

— Arthur Schopenhauer


*Abertura do primeiro episódio da 3a temporada da série Dark (Netflix) 


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