quinta-feira, 12 de junho de 2014

Teológicos Egos


(E de uma incomensurabilidade proporcional ao fantasmão providente em que se acredita)


1

A “divina inspiração” e uma dúvida que me atormenta



Todos assistiram ao processo por que passou a Igreja Católica com a renúncia do papa e posteriormente, com a eleição seu novo líder.

Tenho de concordar cada vez mais com o entrevistador e humorista Bill Maher, de que uma das coisas que mais caracteriza as religiões, especialmente às ocidentais, é o ego (o Das Ich freudiano).

Acompanhei até por um vício em rádios de notícias as inúmeras entrevistas de “críticos literários de um livro só”... desculpem, teólogos, cientistas bíblicos (?) e sacerdotes pingados tomados para emitir opiniões sobre o processo eleitoral que é a escolha da grande e idosíssima empresa.

Claro que apareceram os “poderes cósmicos” fenomenais que quem atribui a ação divina (novamente interrogação) na escolha do dirigente da poderosa e multinacional organização. A eleição, lembremos, é, termos no jargão próprio, “inspirada pelo espírito santo”.

Lembrando os espíritas, lembremos que se um “espírito muito evoluído” já é um orientador poderoso, mesmo errando crassamente para o poderoso Kardec até nos satélites de Marte e em conceitos vitorianos completamente errôneos de evolução humana, imaginemos o poder, a capacidade do espírito que é uma das partes da divindade que é UNA (sic ou confusão mesmo?).

Sendo tão poderosa a orientação, e tão graduados os sacerdotes em questão, é impressionante como podem não se decidir de imediato, como dizem os castelhanos, por ironia, “de pronto”, e como podem ter, inclusive, posições não unânimes.

Esqueçamos por hora que poderia haver uma “ação politeísta”, e como o Catolicismo prima por ter seres intermediários em capacidades - até tendo ditos santos como Longino / Longuinho para achar nossas perdidas chaves - tal dúvida deve ficar em suspenso.

Com tais dúvidas sobre a capacidade de comunicação com o fantasmão rancoroso e vingativo que depois passou a ser pai de si mesmo e ter uma estranha atração por adolescentes judias, quando no passado propiciava gestações milagrosas em senhora hebreias, após a escolha do CEO me vem uma importante pergunta, motora deste texto:

- Se não se pode confiar na inspiração berrada como divina dos mais graduados sacerdotes desta fé, como poderia confiar no padreco um tanto desqualificado da igreja católica da esquina?


Os casos de pedofilia deixaria de lado, enquanto espero a resposta

2


Sobre uma exagerada louça




Logo após a renúncia do grande teólogo católico elevado a papa, que em paradoxo, declarou-se “cansadinho”, envergonhando certamente os milhares de cristão que foram torturados, devorados por leões e cães, crucificados, etc, honestos e determinados em sua fé, assisti uma reportagem que chamaria “deslumbrada”, mostrando uma sala do Vaticano com a coleção dos cálices usados pelos papas em suas missas.

Notemos que esta sala não é aberta à visitação, logo, não gera receita.

Como bem se aprende em Indiana Jones e a Última Cruzada, o cálice que certamente Jesus - entendamos, usando a teologia cristã, o próprio Deus - usou deve ter sido o cálice de um carpinteiro, ou um de cerãmica de seus amigos publicanos e comerciantes relativamente ricos.

Esqueçamos que defendo, até por formação em questões ambientais o que chamo de “necessialismo” - a posse apenas dos ítens que necessitamos usar, mais obviamente ainda em utensílios de cozinha, por exemplo.

Não parece pouco coerente a acumulação de riquezas por quem prega a humildade e as “graças” da pobreza?

Há quem defenda que o Vaticano vender todos seus tesouros não resolveria problema algum dos pobres, o que claramente já me parece uma aplicação do paradoxo sorites como falácia.

Eu já respondo a isso que ainda que resolvesse o problema de uma única criança pobre, com uma mínima quantidade de comida numa única refeição, já teria sido feita alguma coisa.

Aliás, eu poderia, aos moldes do santo que agora inspira o nome do novo CEO da grande organização, que me parece tão confusa em seus fins e meios, citar aos cardeais e ao papa certo rabino da judeia, de poucos dias e morto com muitas dores sob o Império Romano, de quem são clara continuidade, de palavras simples até para um campesino, para evitar-lhes o certo e inexorável abandono, a medida que todos perceberem, por mais tolos que sejam, sua enorme incoerência:


Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;  Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.  Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. [...] Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? [...] Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;  E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.