segunda-feira, 22 de abril de 2013

Criador para quê?


Keith M. Parsons; Não há necessidade de aplicar-se um criador: Uma Resposta a Roy Abraham Varghese


No Creator Need Apply: A Reply to Roy Abraham Varghese (2006)



Keith M. Parsons, Professor de Filosofia - Universidade de Houston - Clear Lake - Escola de Ciência Humana e Humanidades


Roy Abraham Varghese, nasceu o no estado de Kerala, na Índia, em 14 de novembro de 1957. Ele atualmente vive em Garland, Texas, e é um escritor e editor de livros sobre a relação entre ciência e religião.




Este ensaio é uma versão substancialmente revista de trabalho apresentado em uma conferência sobre ciência e religião, na Universidade de Toledo, em abril de 2006.

O perigo de que a ciência coloca para o teísmo é que, como o avanço da ciência, Deus aparentemente torna-se cada vez mais irrelevante. Um criador tem de ter algo para fazer. Em sua introdução no best-seller de Stephen Hawking de 1988, Uma Breve História do Tempo, Carl Sagan observou que a cosmologia quântica de Hawking “sem limite algum” seria apagar um ponto de início absoluto para o universo, deixando-nos com "um universo sem limite no espaço, sem começo ou acabar com ela o tempo, e nada para um criador fazer" (Sagan em Hawking, 1988, p. x). Um Criador ocioso logo murcharia em inexistência. Este, aliás, é por isso que as propostas conciliadoras, como sugestão de Stephen Jay Gould de que a ciência e a religião seja consideradas como "magistérios não sobrepostos", está fadado ao fracasso. Gould relega Deus para o reino de valor, onde o valor misteriosamente sobrevém em verdade, que é o domínio da ciência (Gould, 1999). Certamente teístas suspeitam, justamente eu acredito, que um "Criador" atribuído a um papel mínimo e ambíguo em breve reduzir-se-á a não mais do que o sorriso evanescente do gato de Cheshire celestial.

O que apologistas teístas buscam, portanto, é uma lacuna para Deus que não pode ser fechada pelo progresso da ciência, um domínio para a atividade divina no mundo em que o avanço da ciência não pode vedar, marginalizar, ou suplantar com explicações naturalistas. É precisamente o esforço para localizar e explorar tais alegadas lacunas que motiva teóricos do "design inteligente" como Michael Behe e William Dembski  a postular complexidades "irredutível" e "especificada" como fenômenos naturais que supostamente desafiem a explicação naturalista (Behe, 1996; Dembski , 1998). O que quer que se pense desses esforços (eu considero-os como falhas totais; ver Miller, 1999; Pennock, 1999; Shanks, 2004; Young e Edis, 2004; Perakh, 2004), à primeira vista, o local mais promissor para um Criador estaria em um evento de "criação" em si, a origem do universo. Certamente, ao que parece, a diferença entre algo e nada é a distância maior possível, um abismo ontológico que apenas a onipotência poderia preencher. No entanto, mesmo aqui, como mostra a teoria de Hawking, a ciência ostensivamente ameaça intrometer com as teorias que eliminam o papel de um Criador, ou reduzir esse papel à insignificância. Defensores robustos de um Criador teísta, portanto, precisam dizer o porquê da cosmologia física, mesmo que cumpra todas as suas ambições, nunca consiga atravessar a lacuna entre algo e nada, e ainda, explicar por que esta falha nos deixa na necessidade de um Criador.

Uma das declarações mais claras do caso de um Criador, mesmo com o progresso ea promessa da cosmologia física, é escrita por Roy Abraham Varghese, em sua introdução ao livro Cosmos, Bios, Theos (1992), que editou com Henry Margenau. No restante deste ensaio, vou analisar o argumento Varghese em detalhes e mostrar porque ele falha. Em particular, argumentam que não há nenhuma dificuldade intelectual em postular um estado inicial do universo como um fato bruto final, e que os argumentos Varghese em sentido contrário são falhos. (Por "fato bruto final" quero dizer um estado primordial ou original de coisas, que, apesar de sua existência seja logicamente contingente, não é causada por, dependente, condicionado por, redutível, ou superveniente sobre qualquer outra entidade anterior ou mais básica ou estado de coisas).

Varghese começa por considerar que o universo pode ser infinitamente velho, sem começo e sem fim. Ter tempo para examinar essa possibilidade pode parecer uma distração desde que cosmólogos decisivamente rejeitaram a chamada Teoria do Estado Estacionário que postulou um universo eternamente existente. Mas cenários cosmológicos postulando um passado infinito agora estão de volta à mesa para a discussão e étal tornou-se novamente relevante (por exemplo, o cenário de "eterna inflação" de Andrei Linde). Varghese argumenta que, mesmo se o universo tivesse existido eternamente, ele ainda precisa de uma explicação: "Mesmo se admitirmos a hipótese de um universo que existe eternamente ficamos com o problema de explicar e de contabilidade para o universo que exista eternamente" (Margenau e Varghese , 1992, p. 4). Ele continua: Como matéria e do universo veio a existir? Tal questão pode ser abordada mesmo em relação a um universo que existe eternamente, porque queremos saber como é que há um universo com a propriedade de existência eterna. Não é o suficiente para dizer que o universo sempre esteve aqui e que não devemos perguntar como ele chegou aqui ou como, se ele é eterno, o fenômeno de um universo eternamente existente pode ser explicado. Por que não devemos fazer essas perguntas? (Margenau e Varghese, p 4;. Ênfase no original).

Na verdade, a pergunta "Como é que matéria do universo veio a existir?" não pode ser abordada no pressuposto de que o universo é eterno. Essa suposição impede que o universo nunca tenha surgido. E a questão sobre como o universo eternamente existente é para ser explicada? Esta é uma pergunta estranha, uma vez que se o universo é eterno, dado, como nunca nega Varghese, que cada estado do universo seja cientificamente explicável ​​em termos das leis da natureza aos estados anteriores do universo. Em um universo eterno cada estado do universo é explicável em termos de estados anteriores do universo e as leis da natureza. Por exemplo, a razão pela qual o universo em qualquer dado momento contém apenas tanto a matéria ou a energia e não mais nem menos é explicada em termos dos estados precedentes do universo e as leis de conservação aplicáveis. Em tal um universo eternamente existente, em vez de um com uma origem temporal, não há, por definição, nenhum estado inexplicável inicial, mas uma teia contínua de estados explicáveis​​. Mas, Varghese pode protestar, o todo ainda carece de uma explicação. Tradicionalmente, a exigência de que até mesmo o universo eterno "como um todo" tem uma explicação foi colocado sob a forma de duas questões: (a) Por que existe algo em vez de nada? e (b) Por que este universo eternamente existente em vez de algum outro? Sou levado a que estas são as questões Varghese quer perguntar.

Mas é difícil ver o que motiva essas perguntas. Qual é o mistério que ainda estamos tentando resolver quando nós continuamos perguntando "por quê?" neste momento? Por que deveria surpreender-nos que há um universo? Por que deveria surpreender-nos que temos esse (específico) universo? O que mais podemos esperar? Claro, podemos imaginar que poderia (i.e. , possivelmente poderia) ter sido nada (sic), ou que todos os outros tipos de universos podem ter existido em vez do nosso, mas isso não precisa criar qualquer mistério. Há sempre inúmeras possibilidades imagináveis​​, cuja falhas ao ocorrerem não criam qualquer mistério. A Lua poderia concebivelmente ter sido feita de queijo, mas não é nenhum mistério que não é. Em geral, não é mistério por que algo não existe a não ser que, dado o nosso conhecimento de fundo, a sua existência for a esperada, ou pelo menos não mais inesperada do que o que existe. Nada em nossa base de conhecimento apóia a menor expectativa de que a Lua seja feita de queijo. Também não temos qualquer base para pensar que algum outro universo (ex hypothesi eterno) deve ter existido ao longo de toda eternidade em vez do nosso. Portanto, é difícil ver como perguntar "Por que não algum outro universo existe?" é muito diferente de perguntar "Por que não temos uma Lua feita de queijo?"[Nota do tradutor 1]

Quais possíveis motivos poderiam nós termos para pensar que é um enigma ou mistério por que o nosso universo existe, em vez de algum outro universo que se possa imaginar, ou até mesmo nenhum? Em contextos científicos, quando apenas um de uma série de alternativas relevantes (o que Bas van Fraassen chama de "classe de contraste"; Van Fraassen, 1980) é realizada, nós naturalmente e com razão supomos que há alguma razão pela qual
isto em vez disso aconteceu. Nós assumimos que justamente havia antecedentes físicos e leis físicas relevantes que determinou, pelo menos probabilisticamente, a ocorrência de um evento de uma classe de contraste. Mas quando a "ocorrência" que nos interessa é a existência do universo como um todo, por definição, não há antecedentes físicos ou leis naturais que justifiquem a expectativa de uma resposta para a nossa pergunta "Por isso, em vez disso?" O que poderia fazer o universo como um todo provável ou improvável, esperado ou inesperado? Richard Swinburne (1979) pensa que, mesmo sem nenhuma informação de fundo não-tautológico, podemos julgar a existência de um universo físico complexo eternamente existente altamente improvável. Tenho criticado em outros ocasiões as reivindicações de Swinburne em detalhe (Parsons, 1989), de modo que aqui apenas reitero a minha conclusão de que tais argumentos só levam a um labirinto de imponderáveis ​​metafísicos a partir dos quais não há escapatória. Na ausência de motivos para pensar que este universo, dado que tenha existido eternamente, inesperado, surpreendente, ou improvável (e Varghese não menciona tais fundamentos), a correta réplica às perguntas: "Por que esse universo?" ou "Por que qualquer universo em tudo?" é "Por que não?"

Claro, outros têm levantado questões antes de Varghese sobre um universo ex hypothesi eterno, mais notavelmente Gottfried Leibniz. Segundo o argumento de Leibniz da contingência, todas as coisas contingentes - mesmo que tenham existido eternamente - não têm explicação adequada na medida que elas se baseiam em algo necessário. O argumento repousa sobre o princípio da razão suficiente (PRS), que sustenta que nada pode ser tão menos (menor) que haja uma razão suficiente por que seja assim. Claramente, o PRS implica que, se a cadeia de razões suficientes não é estendida ad infinitum, então todas as contingências devem finalmente ser fundamentadas em algo que é, em certo sentido, necessário. Talvez o comentário mais perspicaz e sucinto sobre o PRS vem de J.L. Mackie: O princípio da razão suficiente expressa a exigência de que as coisas devem ser inteligíveis por total e completo. A mais simples resposta ao argumento do qual [o PRS] depende é que não há nada que justifique essa demanda, e nada que apóie a crença de que é satisfatório, mesmo em princípio.... Qualquer explicação especial começa com premissas que estabelecem "fatos brutos", e embora os brutalmente factuais pontos de partida de uma explicação podem voltar a ser explicados por outro, este último por sua vez tem que começar com algo que não se explica, e assim no entanto até onde se vá. Mas não há necessidade de ver-se isso como insatisfatório (Mackie, 1982, pp. 85-86; ênfase no original).

Se repudiamos a PRS, então não vamos mais automaticamente inferir que o fato de que algo carece de uma explicação significa que requeira uma. Pode bem ser inteiramente razoável para algumas coisas logicamente contingentes apenas serem e não ter razão nenhuma para a sua existência.

Varghese passa a examinar um número de modelos  cosmológicos marcantes sobre a origem do universo, incluindo o universo oscilante, a gravidade quântica, a flutuação do vácuo, e os modelos de universo inflacionário. Uma teoria do universo oscilante sustenta que a história do universo é uma série eterna de expansões e contrações que cada “big bang” é seguido por um período de expansão, que é seguida por uma era de contração culminando em um "big crunch", no qual toda a matéria se aglutina em um ponto. Segue-se outro “big bang” e o ciclo se repete infinitamente. [NdT 2] Varghese faz o mesmo tipo de pergunta que ele apresenta para o cenário do universo eterno: "Como a existência de todo esse mecanismo de expansão e contração eterna deve ser explicado?" (p. 6). E os mesmos tipos de perguntas podem ser feitos em resposta. Se a evidência empírica suporta o modelo de universo oscilante (no momento ele não faz), então qual é a motivação para perguntar "Por um universo eternamente oscilante?" Que considerações (e que teriam de ser puramente a priori) nos levaria a pensar que esse sistema é menos ou não mais esperado que um universo não-oscilante? Como podemos atribuir uma probabilidade significativa para a existência da totalidade das coisas? Por que não um universo eternamente oscilante?[NdT 3]

Como os modelos de universo oscilante atualmente tem pouco apoio entre os cosmólogos, Varghese dedica mais atenção ao modelo de Hawking de gravidade quântica. Varghese admira a teoria de Hawking, porque oferece uma forma engenhosa para eliminar a singularidade inicial postulado pela teoria padrão do Big Bang. Na proposta de Hawking, o espaço-tempo é finito mas ilimitado, de modo que o universo não é eterno, mas não é originário de uma singularidade inicial onde todas as leis da física colapsam. Se o universo não tem nenhum limite absoluto no espaço ou no tempo, o conjunto é explicável em termos das leis da física e não há nenhum ponto inicial, inexplicável, onde um criador poderia funcionar. Ainda assim, Varghese rejeita a sugestão de Sagan que a cosmologia de Hawking deixaria "coisa alguma para um criador fazer". Varghese observa que, de acordo com o teísmo tradicional, Deus não é só o criador, mas também o sustentador do universo. Ele cita um comentário de Don Page sobre o livro de Hawking, Uma Breve História do Tempo, em que observa que para o teísmo tradicional, mesmo se o mundo não tem começo, sua existência através do tempo deve ter uma explicação teísta (Page, 1988, pp 742-743). Varghese e Page estão bastante certos de que o teísmo é tradicionalmente visto como criação consiste não apenas da primeira criação ex nihilo, mas também os creatio continuans em curso pelo qual o poder continuamente ativo de Deus sustenta todas as coisas físicas existentes. De acordo com esta doutrina teísta, se o poder sustentante de Deus fosse retirado por um único momento, todas as coisas físicas entraria em colapso na inexistência.[NdT 4][NdT 5]

Mas por que qualquer não-teísta supõe que a doutrina da creatio continuans tem todas as credenciais racionais? Por que, por exemplo, um quark necessitaria de quaisquer adereços metafísicos para defender a sua existência e subscrever os seus poderes e responsabilidades? Claro, todas as coisas físicas são contingentes no sentido de que poderiam não  ter existido, mas contingência lógica não implica em contingência ontológica. Só porque algo não pode existir em um determinado momento não há qualquer razão para pensar que, de fato, sua existência é mantida por outra coisa. Da perspectiva não-teísta, a insistência sobre uma explicação do universo em termos de creatio continuans é apenas outro exemplo da tendência dos apologistas teístas em criar um mistério onde ele não existe, e, em seguida, oferecer Deus como a resposta sob encomenda para o pseudoenigma. Quanto ao porquê de as coisas existentes permanecerem em existência, não-teístas simplesmente não veem qualquer mistério aqui e não há necessidade de uma explicação.

A flutuação do vácuo e modelos inflacionários sustentam que o universo se originou como uma flutuação quântica no vácuo primordial. O vácuo imaginado aqui não é um nada absoluto. É desprovido de partículas, mas é permeado por campos quânticos e está sujeita a flutuações quânticas aleatórias, um dos que iniciaram o Big Bang. Como Varghese, portanto, corretamente aponta, esses modelos não começam com absolutamente nada, mas presumo, pelo menos, que as leis da física quântica aplicadas "antes" do Big Bang. Essas leis tiveram que "já" estar lá, em algum sentido, de modo que haja um Big Bang (p. 9). Varghese conclui: "Nenhuma teoria científica, ao que parece, pode transpor o fosso entre o nada absoluto e um universo de pleno direito (ou universos nascentes). Esta questão última de origem é uma questão metacientífica - uma ciência que pode perguntar, mas não responder." (p. 11)

Antes de examinar o caso de Varghese para uma resposta metacientífica para a questão da existência, precisamos ter certeza de que estamos claros sobre o que estamos buscando quando pedimos uma "ponte" através do abismo "entre o nada absoluto e um universo de pleno direito”. Como Parmênides apontou próximo ao início da Filosofia ocidental, é muito difícil pensar claramente sobre "nada". Se por "nada" significa um não-ser absoluto (me on em Parmênides), é essencial que não se hipostasie* este conceito e transformar o Nada em um Algo absoluto. Não devemos conceber o nada absoluto como uma espécie de fantasma, matriz vazia pré-cósmica - como o caos primordial da Teogonia de Hesíodo - que existiria antes do Big Bang. O idioma enfeitiça-nos aqui. Quando dizemos coisas como "antes do Big Bang não havia nada", parece que estamos nomeando algo que chamamos de "Nada" e afirmando que existia antes do universo surgir. Esta maneira de falar é perniciosa. Ele cria a imagem enganosa de que houve esse algo vazio - o que chamamos pelo nome de "Nada" - que misteriosamente deu à luz a um universo. Mas isso é errado. O universo não veio de "Nada". Não houve "nada" para que ele viesse a surgir. Se não havia "nada", então não faz sentido falar de um "abismo" entre o nada absoluto e o universo.[NdT 6]
Se não houve um Nada reificado do qual o universo surgiu misteriosamente, como interpretar a demanda de Varghese de algo para "colmatar o fosso entre o nada absoluto e um universo ...?" Esta simplesmente parece ser uma outra maneira de perguntar, mais uma vez, por que existe algo em vez de nada. O que, realmente, é a motivação para esta questão? O que realmente parece motivar a questão é uma hipótese altamente duvidosa, o que Adolf Grünbaum (em comunicação privada) chama a hipótese de "a espontaneidade do nada." De acordo com esta hipótese, o nada é a condição natural, esperada, e espontânea, que não precisa de explicação. A existência de qualquer coisa (exceto para "seres necessários", se for o caso), por outro lado, é tomado como problemática, de modo a exigir uma explicação ou um cálculo. Mas a suposição da espontaneidade do nada parece ser um prejuízo enorme. Sendo aparenetemente não menos natural, espontânea, ou esperada do que o não-ser.[NdT 7]
O problema básico com a pergunta "Por que existe algo em vez de nada?" é que não é claro que qualquer coisa possa, em princípio, responder-lhe. Presumivelmente, se respondeu a essa pergunta em termos de alguma coisa existente, X, em seguida, imediatamente surgiria a pergunta: "Por que existe X em vez de nada?" A única maneira de manter essa questão de repetir ad infinitum é postular um X, isto é, em certo sentido, um ser necessário. No entanto, essa idéia nos leva ao reino do argumento ontológico, apresentando todos os problemas associados a esse argumento. Varghese, sabiamente, na minha opinião, nunca invoca o argumento ontológico em apoio das suas pretensões, na verdade, ele especificamente rejeita a afirmação de Kant de que os argumentos cosmológicos tacitamente contan com o argumento ontológico (p. 16). No entanto, ele argumenta que a busca do entendimento que se inicia com a ciência deve ir além da ciência, e que termina justamente além dos cosmo físico.

Parafraseando Santo Agostinho, podemos dizer que a condenação de Varghese é que "a nossa mente está inquieta enquanto não repousar em Ti, ó Senhor." Voltemo-nos para os argumentos que sustentam a sua convicção.

Por que, na visão de Varghese, é mais razoável para acabar com nossas investigações com Deus do que com as características finais do universo físico, sejam elas quais forem? Isto é, por que é intelectualmente insatisfatório para parar de perguntar "Por quê?" mesmo com a tarefa da Física completa em apresentar-nos o Santo Graal de uma bem-confirmada Teoria abrangente de tudo o que é responsável por todas as entidades conhecidas e as forças? Varghese diz que é porque não é uma coisa física é auto-explicativo, enquanto Deus é.

A única explicação viável, então, para a existência de qualquer uma das entidades ou de todas as entidades que compõem o universo seria a existência de um ser sem causa final - um ser que não recebeu existência de alguém ou alguma coisa e pode explicar completamente a sua própria existência. Este ser auto-explicativo é comumente chamado de "Deus" e é o último explicativo exigido por todas as entidades não-auto-explicativas, das partículas subatômicas às galáxias. Argumentos cosmológicos não raciocinam a partir do fato de que tudo no universo tem uma causa no espaço e no tempo para a conclusão de que o universo tem uma causa no espaço e no tempo; estes argumentos apontam, ao contrário, que tudo no universo é não-auto-explicativo, o que significa que a explicação do universo não está em si, mas deve situar-se em um ser auto-explicativo (pp. 12-13).

Mas em que sentido Deus poderia ser um ser auto-explicativo? Varghese não é muito útil aqui. Ele nos diz que Deus é "um ser sem causa final - um ser que não recebeu existência de alguém ou alguma coisa e pode explicar completamente a sua própria existência" (p. 12). Mas como exatamente devemos tomar isso? Ele quer dizer que Deus é "um ser sem causa final - um ser que não recebeu existência de alguém ou alguma coisa" e, portanto, é auto-explicativo? Em outras palavras, ele está dizendo que ser um ser definitivo e sem causa é suficiente para ser auto-explicativo? Ou ele está dizendo que um ser auto-explicativo exige algo mais do que ser um ser definitivo e sem causa, de modo que um ser pode ser definitivo e sem causa, mas ainda não é auto-explicativo?
Vamos começar por assumir que Varghese pretende o anterior, ou seja, que sendo um ser sem causa final, isto é, um ser que não recebeu a sua existência a partir de qualquer um ou qualquer outra coisa, é suficiente para ser um ser auto-explicativo. Neste caso, porém, ele nunca explica por que o estado mais básico ou original do cosmos natural (por exemplo, uma singularidade primordial, o vácuo quântico, ou a espuma de espaço-tempo) não poderia ser igualmente sem causa e existir sem ter recebido a sua existência a partir de qualquer um ou qualquer outra coisa. Assim, se supusermos que um ser sem causa e possuindo existência sem recebê-la de outra coisa é suficiente para que algo seja auto-explicativo, então não parece haver qualquer razão para que um estado sem causa inicial do universo não possa ser a causa auto-explicativa de todo o resto.

Varghese também apoia um argumento de Hugo Meynell:

Suponha-se que Deus ... seja sobre seu entendimento e vontade de que tudo dependa. Nesse caso, Deus, em virtude de ser Deus, não poderia depender de qualquer outro ser ou seres. O teísta racional pode, portanto, afirmar que Deus é necessário a explicação dos fatos de outra forma "brutos" do mundo, sem ser como a exigir explicação em troca (Meynell, 1992, p 246;. Ênfase no original).

Mas, mais uma vez, por que esse mesmo raciocínio não se aplica a qualquer coisa que ocupa o ápice de nossas hierarquias explicativas? O que quer que postulamos como original, causa não causada de tudo o resto seria também, ex hypothesi, sem dependência de qualquer outro ser ou seres. Gostaríamos de concebê-lo como "um ser sem causa final - um ser que não recebeu existência de alguém ou alguma coisa." Para responder que Deus é, por definição, a primeira causa, ao passo que (digamos) a singularidade primordial poderia o ser, na melhor das hipóteses, só acontecerá o sendo assim, não é uma resposta pertinente. Até que nos seja dado argumentos suficientes para pensar o contrário, a necessidade inerente ao dizer que Deus é a primeira causa não causada pode ser tomado como de dicto  e não de re. Ou seja, mesmo que a convenção semântica diz que não haja nada a ser chamado de "Deus", a menos que seja a primeira causa, isso não é razão para pensar que a primeira causa tenha que ser Deus.[NdT 8]
Bem, talvez para Varghese isso signifique o afirmar ser auto-explicativo envolva mais do que ser apenas o melhor, um ser sem causa. Mas o que mais poderia esse "extra" ser que é necessário para o auto-explacar? Novamente, Varghese não é muito útil. Que Ele nos diz "É tão absurdo para pedir uma explicação para a existência de um ser auto-explicativo, pois é para perguntar:" Por que é um círculo redondo? "(Pp. 14-15). Bem, sim, seria um absurdo a perguntar: "Qual é a explicação (ou seja, uma explicação que ser externo a si mesma) do ser auto-explicativo?" Mas ainda ficamos completamente no escuro Acerca apenas como devemos interpretar Alegada auto-”explanatoridade” de Deus, e, em particular, como seria diferente a partir da condição de um estado original putativo, sem causa do universo físico. Pior, e até menos que tais informações temos esclarecimento do que significa ser auto-explicativo, é difícil ver como a alegada auto-”explanatoridade” de Deus realmente equivale a qualquer outra coisa do que apenas ser inexplicável. Se Deus, por definição, não pode ter nenhuma causa ou dependência de qualquer outra coisa (já que tudo é causado ou depende dele), então a existência de Deus é colocada para além dos limites de qualquer possível explicação, cálculo, ou compreensão. Ironicamente, portanto, Varghese e Meynell podem ter só conseguido definir Deus em inexplicabilidade absoluta, e assim tornando-o precisamente o tipo de final fato bruto de que eles condenam.[NdT 9][NdT 10]
O último argumento de Varghese apela para o que ele chama de "Princípio de Explicação" (PE). O PE é a demanda, supostamente essencial para a própria prática da ciência, a nossa busca pela compreensão, a nossa prática de perguntar "Por quê?" não ser detida arbitrariamente, mas continuar até que responda tudo o que possa ser respondido. O PE não pode ser satisfeito com fatos brutos.

Por sua própria natureza, o PE em que a ciência se baseia não pode descansar em fatos brutos, fatos que são incompreensíveis e não-explicativos. A afirmação de que o universo é "o melhor fato bruto" é uma afirmação de que não há uma explicação para a existência do universo e que nós não devemos esperar qualquer explicação para sua existência (p. 15).

Varghese novamente cita Meynell:

É uma consequência última de nossas suposições apriorísticas sobre a natureza do mundo e nosso conhecimento dele ... que este não pode ser "fatos brutos." Um fato putativo, que acaba por ser incapaz de ser instalado em qualquer quadro de explicação não é um fato em tudo; é impossível decifrar o que seria coerente supor, muito menos para se assegurar a existência de tal "fato". A existência de Deus não seria um "fato bruto" no sentido de opor-se, pois, como postulado em termos de argumento aqui, Deus, por sua natureza é o tipo de ser, cuja compreensão poderia explicar como ele é e que é de tudo sem ser ele próprio capaz de ser explicado da mesma maneira. Que em cuja existência, compreensão, e em tudo de que dele dependa não possa ser dependente da existência de qualquer outra coisa (Meynell, 1982, pp 104-105).

Um par de observações estão em ordem aqui. Em primeiro lugar, não há absolutamente nada na prática científica ou nos cânones aceitos da racionalidade científica que implica que tudo deve, eventualmente, ser explicado. Dado que nós algum dia adquirir a fabulosa Teoria de Tudo (TdT, ou TOE, Theory of Everything), e tenha-se racionalmente certeza de que ela é de fato o TdT para o qual temos por tanto tempo procurado, nossa busca de uma compreensão científica do cosmos físico terá atingido um término satisfatório. Como Mackie observou anteriormente, em cada explicação científica, as explanações são temporariamente consideradas brutalmente factual, ou seja, como simplesmente dado. Podemos continuar a informar-nos sobre estes, mas apenas por suas explicações, a respeito de (um profundo) “como”, por sua vez, jaz inexplicável. Não há nenhuma razão para pensar que, assim, na busca de explicações cada vez mais profundas, não se possa um dia chegar a um explicativo "fundo do poço", ou seja, aqueles fatos físicos que fortalecem todas as outras explicações, e que eles próprios admitam não permitir explicações ou percepções mais profundas. Na verdade, chegar a um tal "fundo do poço" parece ser o objetivo da física fundamental. Supondo-se que nós o alcancemos, e sejam racionalmente a certeza de que nós o alcançamos, como "fundo do poço" teórico, este parece ser um motivo de comemoração, em vez de desespero que nós ainda não explicamos tudo. Claro, o "fundo do poço" em si permaneceria inexplicável, mas não há nada nos pressupostos da investigação científica que nos assegura que a realidade deve vir a satisfazer todos os caprichos da curiosidade humana. Nossos princípios de racionalidade nos dizem para olhar e esperar por respostas, pois eles não nos dão uma garantia a priori de que eles vão sempre ser encontrados. Assim, o simples fato, per se, que possa pedir uma explicação no universo não é razão para pensar-se que deva haver uma.[NdT 11]

Em segundo lugar, tal como mencionado acima, parece que Deus é precisamente o tipo de fato bruto de Meynell, no sentido de que é "incapaz de ser encaixado em qualquer enquadramento de explicação." Deus, por definição, está além dos limites da explicabilidade em termos de qualquer estrutura que seja. Deus abrange todas as estruturas, nenhum o abrange. Portanto, pelo raciocínio do Meynell, se fatos brutos não podem sequer ser coerentes deveriam, em seguida, a existência de Deus não poder ser coerentemente suposta. Além disso, se Deus assim explica coisa nenhuma, muito menos explica todas as coisas? Qual foi o modus operandi de Deus na criação do universo? Como ele fez isso? Podemos ser mais explícitos aqui que o livro de Gênesis, quando diz que "Deus disse ... e foi?" Poderes ocultos exercidos por um ser transcendente, de uma forma incompreensível para propósitos insondáveis ​​simplesmente não parecem ser a base para qualquer tipo de uma boa explicação. "Eexplicações" teístas, portanto, só parecem servir ao propósito de esconder a nossa ignorância por trás de uma folha de parreira teológica.[NdT 12]

Em conclusão, Varghese e seus aliados (como Meynell) não nos deram qualquer razão para pensar que o universo deva ter sido causado por Deus, ou que as características originais e mais básicas do universo não pode ser uma realidade sem causa que explica tudo, mas que seja a própria explicação. Aquelas cosmologias que postulam universos bebês - uma singularidade primordial ou vácuo quântico, por exemplo - como os fatos físicos finais podem razoavelmente ser tomados como postulando fatos brutos últimos.

Parece, portanto, que a escolha entre teísmo e ateísmo desagua em uma escolha entre fatos brutos  finais - Deus ou as características mais básicas, sejam elas quais forem, do cosmo físico. Tenho argumentado neste trabalho que a escolha de Deus não é intelectualmente atraente, que é perfeitamente racional e razoável ver-se o universo como não necessitando de causa e capaz de existir sem o apoio metafísico. O universo, na medida em que é explicável, é explicável em termos naturalistas. Nenhum princípio lógico ou metafísico, pelo menos nenhum mencionado por Varghese, exige que o mundo tenha um criador.


Notas do Tradutor
1. ex hypothesi significa por hipótese, tomado como uma hipótese para desenvolver um raciocínio ou discurso filosófico, uma suposição.

2 Daí o termo “modelo cíclico”]

3. Não se pode afirmar sequer que o universo seja o conjunto de todas as coisas que existem, podendo ser um subconjunto com determinadas caracerísticas, leis físicas locais entre uma infinidade de universos, em diversos tipos de multiversos possíveis, até pelo nosso atual conhecimento de Física. Então, coisa alguma podemos afirmar além de determinadas conjecturas, e não podemos tratar o universo como o filosófico “tudo-que-existe”.

4. A expressão “teoria padrão do Big Bang” é uma expressão leiga, apenas de carater coloquial, pois os Cosmólogos definem os modelos com siglas e nomes mais formais, que definem bem que base te´roica estão tratando, como o modelo FLRW-Lambda CDM.

5. Ex nihilo refre-se a uma criação “do nada”, “a partir do nada” e creatio continuans refere-se a um processo constante de criação, ou aqui, a uma ação constante sobre a coisa criada.

6. Hipostasia e o verbo hipostasiar - na Filosofia, tornar algo uma substância ou fazer de algo, falsamente, uma substância. Um exemplo excelente hoje é afirmar que a mente, um processo do cérebro e seus neurônios, seja uma substância, quando na verdade, é um processo, um mecanicismo, do cérebro, como mostra bem toda a Neurociência e a Teoria da Mente contemporãnea, como a velocidade de um carro não é um carro, mas sua variação de distãncia num - por um - tempo dado, ou como o funcionamento de seu motor não é um ente material em si, mas, obviedade, um funcionamente deste motor, o conjunto de seus mecanicismos.
7. Reificar é a desnaturalização daquilo que se tem como conceito e contextualizá-lo como algo isolado; é transformar algo em coisa.

8. De dicto e de re são duas frases que são usadas ​​para marcar distinções importantes em declarações intensionais associados a operadores intensionais em muitas reivindicações. As distinções são reconhecidas na filosofia da linguagem e da metafísica.

A tradução literal da frase "de dicto" é "palavra" ou "sobre a linguagem", enquanto "re" é traduzido como "A Coisa". O significado original destas frases em latim foi útil para compreender o significado vivo das frases, e a distinção que elas fazem. A distinção é melhor entendida em exemplos de contextos intencionais com o qual devemos considerar três: um contexto de pensamento, um contexto de desejo, e os modos de contexto. - Wikipedia em espanhol.

Para mais informações: Barbara Abbott;
ATTRIBUTIVE, REFERENTIAL, DE DICTO AND DE RE - semanticsarchive.net

9. Aqui foi necessário o que considero um neologismo tolerável, “explanatoridade” - originalmente explanastoriness , o algo em questão ser explicável por si, ser explanável, tornado claro, inteligível.

10. Putativo:
Reputado ou suposto.

11. Algumas adaptações para melhor clareza.
12. Repetimos que mais uma vez aqui, por questões atuais de cosmologia, o termo “universo” neste texto deve ser entendido como “o tudo-que-existe” filosófico, o conjunto mais abrangente de qualquer coisa que exista.

Referências

  • Behe, M. J. (1996). Darwin's Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution. New York: Free Press.
  • Dembski, W. A. (1998). The Design Inference: Eliminating Chance through Small Probabilities. New York: Cambridge University Press.
  • Mackie, J. L. (1982). The Miracle of Theism. Oxford: The Clarendon Press.
  • Margenau, H. and Varghese, R. A. (1992). Cosmos, Bios, and Theos. Chicago, IL: Open Court.
  • Meynell, H. (1982). The Intelligible Universe. Totowa, NJ: Barnes and Noble.
  • Miller, K. R. (1999). Finding Darwin's God. New York: Cliff Street Books.
  • Page, D. "Hawking's Timely Story." Nature, April, 1988, pp. 742-743.
  • Parsons, K. M. (1989). God and the Burden of Proof. Buffalo, NY: Prometheus.
  • Perakh, M. (2004). Unintelligent Design. Amherst, NY: Prometheus.
  • Pennock, R (1999). Tower of Babel. Cambridge, MA: MIT Press.
  • Shanks, N. (2004). God, the Devil, and Darwin. Oxford: Oxford University Press.
  • Swinburne, R. (1979). The Existence of God. Oxford: The Clarendon Press.
  • Van Fraassen, B. (1980). The Scientific Image. Oxford: The Clarendon Press.
  • Young, M. and Edis, T. eds. (2004). Why Intelligent Design Fails. New Brunswick, NJ: Rutgers University Press.

Este texto em formado "Google Docs" pode ser acessado AQUI.

quarta-feira, 13 de março de 2013

O erro de um Papa argentino




Análise sobre a eleição do Papa.

1) Se pelo fator "forte administrador", ênfase no últimos dias das autoridades em Direito Canônico, tiro no pé.

2) Se pelo fator "vigor físico", pelas mesmas autoridades, para enfrentar os problemas atuais da ICAR. Tiro no outro pé.

3) Se pela ideia de voltar a arrebanhar fiéis na América latina, tiro no pé dobrado, pois basta ver a mútua repulsa clara entre argentinos e brasileiros culturalmente e a fragmentação história e permanentes rusgas entre os latino-hispânicos (por exemplo, Argentina e Chile disputaram terra recentemente e estão em permanente estado de tensão; uruguaios mantém uma repulsa a argentinos talvez ainda mais marcante que a dos brasileiros). Tiro no joelho.

4) O único ponto positivo é se salvarem do avanço da descrença entre os católicos na Europa, do abandono da religião, como destacadamente, entre os nórdicos, fator que pode não ser compensado pelo fator (3) acima.

Repito minha profecia: na marcha que vai, esta alquebrada, paradoxal e hipócrita organização não tem mais 200 anos.

Obs.: Milhares de honestos e bravos mártires cristãos morreram das piores maneiras para implantar uma "sociedade amorosa", no Oriente Médio, norte da África e Europa por séculos no início da cristandade, e agora, seu maior líder abandona suas atividades altamente delegáveis pois "está cansadinho...".


Sempre é bom conhecer: A Ceia de Cardeais


Deus come escondido, e o Diabo sai por toda a parte lambendo o prato. - Guimarães Rosa



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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Iniciando os trabalhos



Em grego, theos, deus, phagein, aquele que come.

Teófago, "aquele que come deus".

Antigo epíteto injurioso que se deu aos Católicos. [Dicionário Candido de Figueiredo, 1913]




 
Um pequeno prefácio

Houve uma comunidade nos meus áureos tempos de um áureo ORKUT, que foi aberta apenas para acumular textos e reunir debates seletos sobre argumentações contra religiões, "demonstrações de deus", etc.

Com a primeira de minhas duas expulsões em honestíssimo conluio de uma crentalhada magoadinha e mortalmente ferida em suas tolas certezas, aquele registro perdeu-se.

Infelizmente, para os crentes, apenas aquele registro.

Chegou a hora de desaguar novamente o enorme reservatório de textos, agora revisados, transformados de água em fino vinho, acrescidos, multiplicados como os pães e peixes, e soterrar com pérolas os infames piores que os piores porcos.

Pois "esta gente" é muito mais perigosa que parece...

Agora, no meu mundo, com minhas regras.



 


Algumas frases sobre religião



"É impossível calcular o dano moral, se é que posso chamá-lo assim, que a mentira mental tem causado na sociedade." - Thomas Paine

"Quantas coisas que, ontem, eram artigos de fé, são hoje meras fábulas." - Michel de Montaigne

"Quanto mais aprendemos, de menos deuses precisamos. A crença em Deus é somente a resposta de um mistério por outro mistério, dessa forma não respondendo nada." - Dan Barker

"Se Deus pode acabar com o mal mas não quer, é monstruoso; se quer, mas não pode, é incapaz; se não pode nem quer, é impotente e cruel; se pode e quer, POR QUE NÃO O FAZ? " - Epicuro

"Se existisse um Deus todo-poderoso, teria feito exclusivamente o bem." - Mark Twain

"Será Deus incapaz de prevenir nossos sofrimentos, não sendo, portanto, onipotente? Ou pode preveni-los e não o quer, não sendo, pois, compassivo e justo?" - Walter Kaufmann

"Não consigo acreditar que alguém deseje que o cristianismo seja verdadeiro: porque se for o texto da bíblia deixa claro que os que não acreditam nela, e isso incluiria meu pai, meu irmão, e quase todos os meus melhores amigos, serão eternamente punidos. E essa é uma doutrina abominável." - Charles Darwin

"Existe uma tentação de argumentar que, embora Deus possa não ser necessário para explicar a evolução da ordem complexa uma vez que o universo, com suas leis fundamentais da física, tenha começado, nós necessitamos de um Deus para explicar a origem de todas as coisas. Essa idéia não deixa Deus com muito o que fazer: apenas iniciar o big bang, então sentar e esperar por tudo acontecer. (...) Por definição, explicações construídas de premissas simples são mais plausíveis e mais satisfatórias do que explicações que tem que postular começos estatisticamente improváveis e complexos. E você não pode conseguir algo mais complexo do que um Deus Todo-Poderoso!" - Richard Dawkins

"Toda religião é uma fraude. Toda religião é uma mistificação." - Thomas A. Edson

"Religião é ilusão."- Thomas A. Edson

"Não há no mundo amor e bondade bastantes, para que ainda possamos dá-los a seres imaginários." - Nietzsche

"Todas as religiões, com seus deuses, semideuses, profetas, messias e santos, são resultado da fantasia e credulidade de homens que ainda não atingiram o total desenvolvimento e personalidade das suas capacidades intelectuais." - Mikhail Bakunin

"Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo." - Nietzsche

"Não vejo nada que preste no cristianismo.
O cristianismo é o sistema mais pervertido que o homem já adotou.
Encontramos nas escrituras uma ignorância vulgar, coisas impossíveis, superstição, fanatismo e mentiras.
O dia chegará em que a geração mística de Jesus pelo espirito santo no útero de uma virgem será comparado a geração de Minerva no cérebro de Júpiter.
Milhões de inocentes, desde o começo do cristianismo, foram queimados, torturados, penalizados e presos; no entanto não avançamos nem um centímetro na direção da uniformidade. Qual foi o efeito da coerção? Tornar a metade do mundo hipócrita e a outra metade tolos. Apoiar o erro em toda a Terra.
Venho examinando as superstições do mundo e não vejo nada que redima nossa superstição (o cristianismo). Todas foram fundadas em fabulas e mitos.
Se fazemos algo de bom só pelo amor de Deus e uma crença que o agrada, então de onde vem a moralidade do ateu? É tolice dizer que isso não existe.
O Deus cristão é o mesmo que os deuses de civilizações antigas. Ele é um monstro de três cabeças cruel, vingativo e cheio de caprichos. Se quisermos saber mais sobre este raivoso monstro de três cabeças só precisamos olhar para o tipo de pessoas que dizem ser seus servos. Eles sempre pertencem a duas categorias: Tolos e Hipócritas. " - Thomas Jefferson

"A idéia de um Ente supremo que cria um mundo no qual uma criatura deve comer outra para sobreviver e, então, proclama uma lei dizendo: “Não matarás” é tão monstruosamente absurda que não consigo entender como a humanidade a tem aceito por tanto tempo." - Peter de Vries

"A religião cristã sempre foi e ainda é a principal inimiga do progresso moral da humanidade." - Bertrand Russell

"Meu ponto de vista inicial sobre a insalubridade do esquema de salvação cristão e da origem humana das escrituras, se tornou mais claro e mais forte no decorrer dos anos e não vejo razão alguma para mudá-lo." - Abraham Lincoln


"Dizer que um crente é mais feliz do que um cético é como dizer que um bêbado é mais feliz que um sóbrio." - George Bernard Shaw


"Se 50 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo uma coisa estúpida." - Anatole France


"William James costuma pregar a força de vontade de crer. De minha parte, eu desejaria pregar a força de vontade de duvidar. O que é preferível não é o desejo de acreditar, mas o desejo de descobrir, que é exatamente o oposto." - Bertrand Russell



"Todas as religiões prometem uma recompensa... pela excelência de propósitos ou do coração, mas nenhuma pela excelência do cérebro ou do discernimento. " - Shopenhauer


"A coisa mais difícil do mundo é dizer pensando o que os outros dizem sem pensar." - Alain



"Vivo cercado de padres e sacerdotes que dizem que seu reino não é deste mundo, no entanto agarram tudo que podem." - Napoleão Bonaparte




"Pode ser que nosso papel nesse planeta não seja de criaturas de Deus, mas de seus criadores. " - Arthur C. Clarke



"Se os bois e os cavalos tivessem mãos e pudessem pintar e produzir obras de arte similares às do homem, os cavalos pintariam os deuses sob forma de cavalos e os bois pitariam os deuses sob forma de bois." - Xenófanes



"A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana." - Sigmund Freud



"A mentalidade religiosa é totalmente oposta à científica, racional. É uma atitude que espera a resolução milagrosa dos problemas, não indo às causas para se acabar com eles. Leva à apatia, à fraqueza dos povos, já que tudo é resolvido fora da pessoa, pelos deuses. Não contando também com os milhares de fanáticos e dogmáticos cristãos que morrem e deixam morrer os seus filhos inocentes porque não aceitam tratamento médico. Aliás, eles estão totalmente dentro da lógica da religião, pois se tudo, incluso as doenças, foi criado por Deus, porquê tratar-se no hospital, contrariando a vontade e os desígnios do Senhor?" - Cassy Beski



"Se o cristianismo tivesse razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício eterno, em troca de comodidade temporal. Supondo que se creia realmente nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo." - Nietzsche



"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível." - Albert Einstein



"Toda virtude tem seus privilégios: por exemplo, o de levar seu próprio feixezinho de lenha para a fogueira do condenado." - Nietzsche



"Com a Inquisição, um terror invisível paira sobre a sociedade: a hipocrisia torna-se um vício nacional e necessário: a delação é uma virtude religiosa; a expulsão dos judeus e dos mouros empobrece as duas nações (Espanha e Portugal), paralisa o comércio e a indústria e dá um golpe mortal na agricultura em todo o Sul da Espanha; a perseguição aos "cristãos novos" faz desaparecer os capitais; a Inquisição atravessa os mares e, tornando-nos hostis aos índios, impedindo a fusão dos conquistadores e dos conquistados, torna impossível o estabelecimento duma colonização sólida e duradoura; na América, despovoa as Antilhas, apavora as populações indígenas e faz do nome cristão um símbolo da morte; o terror religioso, finalmente, corrompe o caráter nacional e faz de duas nações generosas, hordas de fanáticos endurecidos, o horror da civilização." - Antero de Quental



"Não sei se Deus existe. Mas seria melhor para sua reputação que não existisse." - Jules Renard




"O primeiro requisito da felicidade dos povos é a abolição da religião." - Karl Marx



"A crença em Deus se origina no medo e na superstição." - Thomas Hobbes


"Prefiro o paraíso pelo clima, o inferno pela companhia." - Mark Twain



"Cada vez que ouço cristãos falarem de moral, sinto revoltar-me o estômago" - Karlheinz Deschner.



"Cristo morreu cedo demais. Se tivesse vivido até a minha época, ele teria repudiado a sua doutrina." - Nietzsche

"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível." - Albert Einstein

"Eu sou ateia, e é tudo. Eu creio que não há nada que sabemos, exceto que devemos ser gentis uns com os outros e fazer o que pudermos pelas pessoas." - Katharine Hepburn

“Todas as religiões são a verdade sagrada para quem tem a fé mas não passam de fantasia para os fiéis das outras religiões.” - Isaac Asimov


"Humanizamos Deus... e Deus não é humano, embora o humano esteja impregnado dele sem compreende-lo." - Justina - um dos inúmeros fakes interessantes pela internet


"A intolerância é intrínseca ao monoteísmo: um deus único é, por natureza, ciumento, e não tolera nada além dele mesmo." – Schopenhauer


"O cristianismo é uma religião que não faz o menor sentido. É religião do medo. É religião que rebaixa o ser humano como se ele fosse um ser desprezível, sem valor algum. O cristianismo é a religião da injustiça, exemplo: um psicopota que passa a vida inteira cometendo atrocidades se no último segundo de vida aceitar cristo como " salvador" ganha a vida eterna, já um cientista ateu, mesmo sendo uma pessoa, que passa a vida inteira fazendo pesquisas e desenvolvendo remédios para salvar bilhões de vidas, só pelo fato de não acreditar em cristo como salvador, é condenado a passar a eternidade no inferno." - Elizeu Gonçalves

"Cristianismo: é a crença cósmica de que um zumbi judeu que é seu próprio pai pode te fazer viver pra sempre se você, simbolicamente, comer de sua carne e telepaticamente dizer a ele que o aceita como mestre absoluto. Então, ele pode remover uma força maligna presente na sua alma, que está lá devido a uma mulher criada a partir de uma costela que foi enganada por uma cobra falante e comeu a maçã de uma árvore mágica. É, faz muito sentido e parece legítimo!" - anônimo, pela Internet




"Eu sou CÁ
Tu és CÁ
Ele é CÁ
Nós somos CÁ

Vos sois CÁ

Eles são CÁ

Deus

Deus não há.

Se há. É CÁ"


Fernando Lemos



"Considero presunçoso se dizer ateísta, pois não posso garantir que o universo não foi criado com um objetivo, apesar de não haver nenhuma evidência disso. Mas posso dizer que não gostaria de viver em um universo onde existe um Deus, um universo onde eu não passaria de um cordeiro, sem controle sobre a minha existência. Um universo no qual, no caso de algumas religiões, se você faz algo errado, você fica condenado pela eternidade. É um conceito ridículo e horrível. Prefiro viver em um universo onde eu conquisto um significado para a minha vida e uso minha cabeça para agir, em vez de ser mandado por um Deus que, por vezes, é muito vingativo." - Lawrence Krau
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