quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Teleologia de Kant - 1


Uma série complementar ao nosso artigo: 

Teleologia em Kant - Scientia 



Traduzido de: en.wikipedia.org - Kant's teleology



A teleologia é uma ideia filosófica em que os fenômenos naturais são explicados em termos do propósito a que servem, e não da causa pela qual surgem.


Os escritos de Kant sobre teleologia estão contidos na segunda parte da Crítica do Julgamento, publicada em 1790. A Crítica do Julgamento é dividida em duas partes, com a primeira parte Crítica do Julgamento Estético e a segunda sendo Crítica do Julgamento Teleológico. Na primeira parte, Kant discute e apresenta suas idéias sobre estética e, na segunda parte, Kant discute como a teleologia tem um papel em nossa compreensão dos sistemas naturais e das ciências naturais. [1] A filosofia moral de Kant também se preocupa com os fins, mas apenas em relação aos humanos, [Nota 1] onde ele considera errado usar um indivíduo apenas como meio. A Crítica da Teleologia está preocupada com os fins na natureza e, portanto, essa discussão sobre os fins é mais ampla do que na filosofia moral de Kant. [2]    


As afirmações mais notáveis de Kant em sua descrição da teleologia natural são que os organismos devem ser considerados pelos seres humanos como "propósitos naturais" na Analítica do Julgamento Teleológico e seus argumentos sobre como reconciliar sua ideia teleológica de organismos com uma visão mecanicista da natureza na Dialética de Julgamento Teleológico. [3]     


Notas


1.A distinção de Kant é baseada em uma capacidade exclusivamente humana de pensamento racional.


Referências


1.Kant, Immanuel; Guyer, Paul (2000). Critique of the power of judgment. Cambridge, UK: Cambridge University Press.ISBN 9780511338533. OCLC 182847379.


2.Parfit, Derek; Scheffler, Samuel (2011). On what matters. Volume one. Oxford: Oxford University Press.ISBN 9780191576706. OCLC 744616054.


3.Allison, Henry E. (2012). Essays on Kant. Oxford University Press. ISBN 9780191631528. OCLC 807061312.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Epicuríadas - 2

 


Antes, uma nota inicial


Foi publicado há alguns anos na Scientific American um artigo sobre a natureza das informações na era digital / internet e sua “volatilidade”, e que a única esperança para enfrentar-se esse problema é a permanente reprodutibilidade / duplicação.


Preserving scholarly information: LOCKSS, CLOCKKS, and portico


While the switch from print to digital publishing has been embraced by younger researchers and students, older faculty are a little more nervous about the impact of this (nearly complete) transition.


(Preservando informações acadêmicas: LOCKSS, CLOCKKS e pórtico


Embora a mudança da publicação impressa para a digital tenha sido adotada por pesquisadores e alunos mais jovens, os professores mais velhos estão um pouco mais nervosos com o impacto dessa transição (quase completa).)


https://blogs.scientificamerican.com/information-culture/preserving-scholarly-information-lockss-clockks-and-portico/ 



Um tratamento sério do paradoxo na web:


Elan Marinho, O Paradoxo de Epicuro; 06/09/2015 - filovida.org 


Nos nossos arquivos: Elan Marinho - O Paradoxo de Epicuro 


Destaquemos:

“Antes disso, todavia – antes que sentenciem-me os seguidores de Lane Craig –, é necessário comentar: a falta de definição prévia do significante “mal” no argumento epicurista o torna incompleto, posto que esse tipo de conceito é subjetivo por excelência e varia de tempos em tempos. O “mal” não tem uma essência muito bem definida – pode ser comparado a ideia de “perfeito” ou de “justiça”.


Esse conceito surgiu a partir do momento em que o homem notou que existiam coisas que lhe traziam maus sentimentos. Isso se dava pelo fato de que a natureza humana era (e ainda é), essencialmente, vontade de expansão – tal como aparentam ser todos os seres físicos: quando um mal acontece ao homem, ele naturalmente sente-se mal pela perda de sua dominância, de seu poder sobre o mundo; naturalmente o inverso ocorre quando um bem acontece a ele. A picada de uma abelha causava dor. Logo, entendia-se que ela era causadora do sentimento ruim e, por conseguinte, era má. A morte de um familiar trazia angústia, logo, entendia-se que a morte era causadora do sentimento ruim, portanto, que era má.


Desse modo, o conceito perdurou e tornou-se mais complexo com o passar do tempo, como quando no momento em que o homem notou que existiam coisas más que causavam coisas boas e vice-e-versa – conceber um filho, por exemplo (nunca se cessam, aliás, as alegrias de possuir outro alguém). Isso sem falar da boa aceitação da ideia de que abelhas, escorpiões, serpentes e outros inumanos não agiam por “mal” ou que não eram dotados da “razão” e do “livre-arbítrio” – princípio que se disseminou muito rápido com o advento do cristianismo.


Logo, guarde, enquanto premissa para o que se segue, a afirmativa de que o mal é tudo que é indesejável ou que causa sofrimento, porquanto – para todos os efeitos – é uma premissa aplicável a pelo menos algumas das coisas que presentemente e que, de certo, futuramente consideraremos más – aliás, é só de um evento mau não-evitado ou não-findado e que poderia sê-lo de que precisamos para refutar a onibenevolência do divino.


A réplica mais comum para essa questão é a de que “todo o mal existe para um bem maior”, uma tentativa de refutar a quarta premissa do paradoxo. Sendo assim, um término de namoro seria um mal que Deus permitiria com o intuito de fazer com que, por exemplo, os integrantes da relação amadurecessem; seria este o “bem maior”.


Em primeiro, contudo, é necessário levar em consideração que existem eventos ruins que não acarretam aspectos positivos o suficiente (o “bem maior”), que fazem valer a pena a existência de alguns tipos de mal. A existência do câncer, para dar um exemplo, foi um mal que Deus, em sua onipotência, poderia ter evitado. Não existe um “bem maior” por trás de todo o sofrimento que a existência desse mal causou. Digo, é evidente que a origem de um novo problema (ainda mais sendo biológico) sempre é causador de uma nova descoberta e, às vezes, de uma solução (nesse caso, cientifica). Mas isso não é um “bem maior”, é tão somente um aspecto positivo que não encobre o sofrimento de inúmeras pessoas: os indivíduos que já morreram de câncer e sofreram em detrimento da doença não vão receber a sua bonificação.


Em segundo, é preciso que se leve em consideração que, sendo Deus onipotente, poderia ele transformar o mundo de modo em que alcançássemos o bem sem sofrimentos – ou, sendo ele criador do mundo, poderia desde já criá-lo desse modo.


[...]


A contradição lógica, para alguns, estaria no fato de que o único modo de Deus fazer com que alcançássemos o bem sem sofrimentos seria retirando o nosso livre-arbítrio (só poderíamos optar pelo “bom caminho” e nunca pelo “mau caminho”), o que o tornaria não-onibenevolente. Todavia, esse é um argumento sem sentido, pois é exatamente o livre-arbítrio que nos daria a possibilidade de alcançar um “bem maior” sem sofrimentos; porque o que faz com que o ser humano não acabe com o mal ou o evite é a sua natureza, suas determinações (de ordem psíquica, biológica, social etc.) que existem no mundo presente. O ser humano não escolheu o mau caminho de forma livre e consciente – como proceder-se-ia de acordo com a fábula bíblica ou no argumento rousseauniano –, ele já está no mau caminho desde a sua origem.”


Do mesmo autor:

Elan Marinho - O Problema do Mal: de Epicuro a Agostinho


https://universoracionalista.org/o-problema-do-mal-de-epicuro-a-agostinho/

Nos nossos arquivos: docs.google.com


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Retornando aos trabalhos


1


Máximas


"Não vivas para que notem a tua presença, mas sim para que sintam a tua ausência" - HELIO  SINOWIETZ


Toda bondade realizada por desejo de recompensa ou maldade não realizada por medo de castigo é uma fraqueza de caráter. - Eu mesmo, até prova em contrário, ainda que inspirado em frase de Einstein




2


Observação sobre a lógica de criacionistas e outros pseudos


Crentinhos com sua lógica primária juram que em Filosofia (só se for na deles) e desta em Ciência quando não podemos afirmar alguma coisa por não termos evidências suficiente, cabe-se aí enfiar seu fantasmão providente.


Exemplos:


1) Jamais conseguiu-se evidenciar a formação de vida na natureza e em laboratório, "logo, foi deus".


2) Jamais evidenciou-se uma lagartixa virar um colibri (sic), logo, a lagartixa e o colibri, tal como são, “foram criados por deus”.


3) Jamais evidenciou-se vida fora da Terra, logo, similarmente a (1), foi deus quem a colocou aqui, e pasmemos, a Terra é como é para tal obra (de onde se conclui, alertemos, que a divindade é um pobre coitado que não pode criar vida noutras condições, e nem vida apta para outras condições, mas...).


A questão é que seria tal sempre uma "argumentação negativa", um tipo especial de non sequitur, como alerta Orr, "se não consigo provar que a Terra é esférica, concluo que ela é cônica".


Na verdade, o correto é dizer: não sabemos, e assim a questão se encerra.


No científico, até prova incontestável, para a origem da vida e na vida fora da Terra, por enquanto.


No quesito "evolução", a questão já está há muito encerrada, restando apenas esperneios patéticos de primatas crentes em milagres que não existem que pretendem ser mais do que são: simples vermes de simetria bilateral modificados (antes bactérias modificadas, posteriormente, peixes modificados, etc).


3


Citar Olavo de Carvalho é lei de Scopie.


Mas...


O argumento dele nesta frase é fraquíssimo pois pressupõe que a atuação de uma suposta divindade tenha de ser clara, evidente e inequívoca.


Mas esquece que possa ser imperceptível, sutil, exatamente pelos processo naturais tais como evidenciados e modelados pela Ciência, produzirem os desígnios daquela.


Assim, afirmar a ação incontestável da divindade não é afirmar mais que opinião pessoal, e um argumento teológico frágil, pois uma divindade que não possa produzir uma obra que funcione por si é um deus incapaz, o "artesão atrapalhado" de Collins.


Dizer que os fatos que evidenciamos na natureza não sejam os produtores de todas as coisas, colocar uma certa ação onde ela não é necessária, mesmo para crer-se numa divindade, que por sinal, não é justificável.


Olavo de Carvalho continua, em Filosofia, sendo um amador cujo único mérito (se é que é tal) é ter conseguido um séquito de fãs simplórios.