sábado, 24 de março de 2018

Respostas padrões aos ditos “crentes” - 4



6

Negar a evolução dos seres vivos ou afirmar seu fixismo, e pior ainda, seu surgimento miraculoso é um suicídio intelectual mais dolorido que o descrito em (5).

Consequente: Afirmar “Terra Jovem” ou “Tempo Bíblico” beira insanidade do nível de “Terra Plana”, ainda que com melhor lustro.
Recentemente, tratei este tema longamente, por uma ótica mais científica:
Pérolas, peixes, pH, dilúvio e uma dita tautologia V - Scientia est Potentia

Façamos uns acréscimos, mas dividamos os problemas acima.

Fixismo das espécies
Toda a literatura em Paleontologia aponta para nenhuma espécie na história da vida, entre já centena de milhões de espécies, ser fixa. Podemo afirmar que jamais existiu uma única espécie que se manteve inalterada por muito tempo. Os animais domésticos, mesmo nos trabalhos de darwin com pombos, na própria história dos cães, do Egito Antigo aos dias atuais, já aponta para isso.

Claro que criacionistas dirão que ‘continuam pombos”, ou “continuam cães” ou ainda tantas destas afirmações quanto espécies forem apresentadas.

Curiosamente, eles mesmos contradizem isso com o conceito de baramins e sua veloz evolução para justificar o dilúvio.
Mas se esquecermos esta contradição de seu próprio argumentos (pois são um “jardim mal cuidado”), então teriam de cair nas contradições de:

Primeiramente, todas as formas de vida da Terra existirem desde os primeiro momentos de sua existência, o que, pela enorme variedade das espécies já existentes, tornariam o espaço existente na terra para as formas de vida insuficiente, ou se desejarem pelo sentido inverso, formariam uma quantidade de seres vivos em suas diversas populações que não caberiam na Terra, o mesmo tipo de argumento banal que levou os próprios criacionistas, em função de limitações da Arca de Noé, frente ao número de espécies hoje viventes, a criarem o conceito de baramins. Não há por aqui qualquer escape: ou o não fixismo ou a inviabilidade, a impossibilidade lógica.

Por um segundo ataque, digamos uma espécie complexa e de grande porte, teria de se manter igual, fixa, constante, desde os primeiros momentos da Terra, o que obriga seu surgimentos miraculoso num determinado momento, e exatamente este tipo de surgimento miraculoso é que é negado pelos ‘argumentos probabilísticos” dos criacionistas para dizer que espécies não podem surgir “ao acaso”. Outra vez, os próprios argumentos dos criacionistas são contraditórios.
Notemos que argumentos de que a anatomia comparada dos fósseis não prova coisa alguma, mas esquecem que o que seja, por exemplo, um réptil, é muito bem definido por seus dentes não diferenciados, então jamais poderíamos confundir um réptil com um mamífero,, os crânios do répteis e mamíferos tem diferente número de orifícios, e poderíamos seguir com um sem número de detalhes exclusivos que diferenciam os táxons. Se detalhes tão claros mesmo a um leigo minimamente interessado ficam assim evidentes que sustentam anatomia comparada, é natural que surjam diferenciais reconhecíveis pelos especialistas, produzindo muito mais exatidão nas afirmações desta ciência.
Destaquemos que para certas espécies, como os equinos, os elefantes, diversos mamífero incluindo o homem, mais algumas aves e outros táxons, em latitudes geladas e tempo, por exemplo, de passado relativamente recente como a última glaciação, a Genética já corrobora com a ancestralidade universal e com a rejeição do fixismo das espécies.

Claro que aí criacionistas usarão argumentos de um tempo muito curto, e que a Terra não tem a idade de bilhões de anos que a Ciência afirma, ainda sem entrar no que seja “tempo bíblico”, mas uma, mesmo assim, moderada “Terra Jovem”. Adiante trataremos deste ponto.

Some-se nesta linha de argumentação que o histórico das fauna e flora ao longo da história e suas extinções. E o registro fóssil está bem documentado de extinções em massa. Ou seja: digamos que antes de uma extinção existiam 10 milhões de espécies. Com a extinção em massa, estas foram dramaticamente reduzidas para alguns milhões por exemplo. Como vemos milhões de espécies no registro fóssil, é natural se entender que as espécies da extinção posterior modificaram-se a partir dos alguns milhões sobreviventes da extinção anterior, então não só espécies novas surgem como não são fixas.

Podemos ver até aqui que não necessitamos nem comprovar por evidências científicas, sejam paleontológicas, sejam experimentais em campo e laboratório a evolução, ma podemos demonstrar até com facilidade, amparados até em argumentos dos criacionistas, o fixismo das espécies.


Surgimento miraculoso

Como para o passado, não podemos ter um elefante ou uma baleia flutuando no espaço num momento em que sequer a Terra existia, é evidente que estas formas de vida surgiram num momento no tempo.

Nós afirmamos que por modificação de formas de vida anteriores, retrocedendo até um primeiro ser vivo ancestral de todos, no ramo, o que chamamos L.U.C.A.. Mas criacionistas dizem que tal surgimento só ocorreu num ato de criação de sua divindade, pelo milagre que é sua ação, completos, íntegros e curiosamente, com a capacidade de não terem estrangulamento genético e se extinguirem por populações mínimas. Mesmo assim, a argumentação exige baramins, pelo visto acima.

Pois bem, este processo miraculoso não é questionado, pois seria “divino”.

Por outro lado, usam afirmações que incluem mentiras como a dita lei de Borel, confusões de entropia termodinâmica com entropia da informação e todo aquele baluarte de cálculos simplórios que são magnificamente tratados no artigo de Ian Musgrave muito conhecido no meio de refutação aos criacionistas, “Mentiras, mentiras danadas, estatísticas e a probabilidade da abiogênese” (nos nossos arquivos docs.google.com).

Eles negam a nós mesmo as mais claras possíveis combinatórias, não assumem seus erros e não aceitam que seus argumentos neste campo são inúteis, mas atribuem-se as mais impossíveis e jamais afirmadas nem minimamente por nós combinações fortuitas, simplesmente pois são expressas como “ação divina”. O interessante é que independente de variações claras da falácia de Hoyle, eles atribuem a esta ação divina fenômenos muito mais fantástico sobre os quais não apresentam qualquer evidência, qualquer mínimo fato plausível, qualquer baleia que seja surgindo perfeita no espaço e no tempo, seja num oceano de 6500 anos atrás ou há milhões de anos, dependendo da postura sobre tempo dos criacionistas, que como sabemos, sequer são homogêneos em suas afirmações.
Por essa e por outra que dizemos que “seu jardim é muito descuidado”, não sendo à toa que seguidamente vê-se em textos sobre o dito embate evolução vs criação que os criacionistas não dedicam-se a sustentar de maneira minimamente científica seus pontos, mas tentam de maneiras as mais errôneas e inúteis possíveis e até em desespero derrubar o que a Ciência afirma, no que tange às modificações, ao histórico e os mecanismos da Teoria Evolutiva, em suma, o processo que chamamos evolução e seu modelo.
Agora a observação sobre “acaso” e instabilidade da genética que nos interessa.
Apesar da profunda e inquebrantável de criacionistas sequer entenderem o que a Teoria da Evolução e a descrição do histórico dos seres vivos afirma, são exatamente os erros produzidos pela entropia da informação, as falhas, as modificações diversas, que produzem as variações na genética que levam aos seres vivos evoluir, em produzir variações que pela seleção natural, sobrevivem e perpetuam, pelo menos pr algum tempo, as modificações relacionadas.


Terra Jovem / Tempo Bíblico

Já foi dito por diversos meios que o que seja a estimativa de tempo amparada literalmente no texto bíblico é como afirmar que um edifício de uns 100 andares tem a altura de uma folha de papel.[Nota 1] Não há outro meio de comentar-se este desastre intelectual que não seja passando pelo termo insanidade.


A Cosmologia, a Astrofísica, a simples (perdão, mas estamos tratando somente do aspecto observacional) e direta Astronomia sustentam o universo como tendo bilhões de anos.

A Geocronologia, com seu atual estado de alta precisão, sustenta a Terra como tendo 4,56 bilhões de anos. A análise de meteoritos e materiais lunares sustentam idades desta monta.

Desde as fundações da Geologia, uma noção de tempo bíblico de menos de 10 mil anos (mais precisamente, 6500 anos) não é considerada, tendo-se então levado a medida para milhões de anos, pelo menos.

A Termodinâmica dos século XIX, com cálculos de esfriamento de massas vulcânicas, ou estimativas fundamentalmente errôneas em premissas para o Sol, por exemplo as de lord Kelvin, já deslocavam os sistemas Terra e o Sol para centenas de milhões de anos.

As primeiras observações da Astronomia extragalática, de outras galáxias, já permitiam calcular o universo, ainda que com erros, em bilhões de anos de idade.

Mas claro que criacionistas, em seu desespero de tentar manter o texto Bíblico coerente com o mundo… perdão, em manter o mundo encaixado dentro do texto bíblico, colocam que todas estas medidas são ilusórias e enganosas, e inclusive, a luz das estrelas e de todo o universo já forma sua imagem chegando até nós de uma esfera de digamos 6500 mil anos-luz de distância, de maneira que este filme feito pela divindade nos permite ver um universo coerente com sua visualização e distância, e obviamente, com a velocidade da luz.

Não parece um discurso um bocado estranho para dizer-se como uma divindade deve manter o mundo coerente com o mito de criação de um povo da Idade do Bronze, por sinal, nas origens deste mito, completamente analfabeto e inclusive, com noções tão atrapalhadas e primitivas de Astronomia que tem de colocar a Lua como iluminando a noite, ou as plantas tendo surgido antes do Sol?

Todo este desespero com golpes de machado nas flores descuidadas do seu jardim fazem os criacionistas biblicistas serem seguidamente o motivo de pilhéria que são.

Notas
1.O Cálculo é facilmente feito por exemplo, com os dados
400 m* 1000 mm * 6500 anos /(4,56*1e9 anos)=~0,57 mm

Uma listagem mais ilustrativa de proporções deste tipo pode ser vista na planilha:
Proporcoes criacionistas - docs.google.com


7

Não se prova a inexistência de coisa alguma. Quem afirma a divindade, o Jesus "mítico", o surgimento das coisas miraculosamente, seja do universo, seja de uma barata, que o tem de demonstrar por evidências.



Este tema ´é um tanto repetitivo no tratamento com os crédulos, quando lançam “desafios” de que se prove a inexistência de sua divindade. Russel tratou o problema como ninguém, então, aqui, trataremos de pontos específicos e apresentemos mais pinceladas didáticas no problema do “bule de Russel”.

Mesmo com profundas limitações limitações que advém em parte de Física de alto nível como de Epistemologia contemporânea, podemos dizer que aquilo que existe é aquilo do qual temos evidências, por exemplo, como sabemos - e logo afirmamos - que o Sol existe pois chego na janela agora e o vejo, ou sinto seu calor se não estiver nublado como agora.

A questão parece banal, mas em poderosos discursos filosóficos, fica para os pouco instruídos em Filosofia um tanto confusa, mas realmente,como no caso clássico, a árvore que cai na floresta, apesar de não ser ouvida por ninguém certamente produz som.

Agora, o que realmente seja existir, até para a Física, interligada com a Epistemologia, dependa do que em Física chama-se “observador”, e poderia em Filosofia ser tratada como o “ser que sente”, pois convenhamos que em Filosofia o que seja sentir tem forte relação com o captar fenômenos, o que inclusive um microfone na floresta poderia captar os sons da queda da árvore para nós depois ouvirmos.

A coisa parece até aqui confusa?

Lamento. Mas não vamos mastigar toda a questão pois o objetivo deste texto não é discutir você que existe, eu que existo, a árvore que cai ou, por exemplo mais profundo, o que sejam as partículas que fazem as interações que por exemplo nos permitem ter o que chamamos de visão, entre todos nossos sentidos diretos e indiretos, como ver uma imagem de infravermelho, espectro de luz que eu não vejo (e acredito que até prova em contrário, nenhum humano).

O que nos interessa aqui não é o que existe, mas a demonstração possível - e não é possível - do que não existe, o comprovar a inexistência.

Podemos pensar na coisa mais natural possível, como viu pela primeira vez Galileu com os satélites de Júpiter. Ei uma primeira evidência confiável de sua existência, pois o grande pensador e prático em primórdios de Ciência os viu, e qualquer um de nós, transportados fantasticamente para seu lado, o poderia fazer, revezando-nos a olhar na ocular de uma luneta primitiva. Ainda hoje podemos fazer tal banalmente.

Focando-nos em coisas do passado, no histórico das coisas, sabemos que existiram dodôs não só pelos seus registros confiáveis, mas por esqueletos sejam inteiros, sejam partes, sejam de fósseis de sua ancestralidade ou até do histórico de sua espécie, perdão pela sonoridade, especificamente. Até pela Genética hoje sabemos suas espécies aparentes. Os exemplos em ciências com aspectos históricos seriam inúmeros, e preencheriam, e preenchem, bibliotecas

Mas também podemos dizer que um castelo de cristal de uma supercivilização, tal qual de péssimo ainda que bem produzido filme recente, existe dentro da atmosfera de Júpiter?

Apesar de tudo soar como tolice dependendo do tratamento em ficção científica,  claro que podemos afirmar.

Numa abordagem mais lapidada de ficção científica, e soberbo me coloco como do meio, claro que poderia!

Mas podemos provar por lógica, sem lá ver ou detectar de outra maneira tal coisa, que tal estrutura não existe?

A resposta, infelizmente para quem quer fazer esta perigosa (para os próprios argumentos) e falaciosa inversão do ônus da prova, é não.

Ainda que não houvesse detecção alguma, poderíamos afirmar pelo lado “advogado do diabo”, de que a estrutura se oculta de nossa detecção, os nossos detectores são iludidos por uma tecnologia de ocultamento que nos humilha, a estrutura muda de dimensão quando observada pois detecta nossa observação, e assim com infinitas curvas, dependendo só da imaginação de quem quer instruir sobre o problema.

Ou pensa muito em ficção científica a partir de imaginação adequada a tratar didaticamente a questão.

Não interessa o quão absurda seja a afirmação da existência de algo seja, o provar a inexistência deste ainda que absurdo algo é impossível, pois simplesmente não demonstra-se a existência “física” de qualquer coisa que seja.

O “dragão da garagem” de Sagan, outro exemplo famoso para o problema, muta de forma para torturar quem se recusa a entender a questão.

Seguidamente, argumentadores pouco instruídos e até seguidamente intelectualmente desonestos abusam de nossa humilde filosófica paciência, esquecendo que Filosofia é terreno escorregadio, e tentam burlar certas coisas com, por exemplo: -Existe um triângulo quadrado na superfície de Marte? Claro que não! É impossível!

O problema deste tipo de falacioso argumento para tentar tratar o que seja a impossibilidade da existência de algo é que esta limitação trata-se apenas de coisas “físicas”, aquilo que chamamos muitas vezes até com problemas de “reais”, como as coisas que são compostas de matéria (energia e matéria, fiquemos claros).

Um castelo de cristal é matéria, e poderia ser construído por uma civilização alienígena. Os exemplos aqui são infinitos, e sempre possíveis, pois mesmo um bule de chá na órbita de um dos gigantes gasosos poderia ser a obra de uma poderosa e até bem humorada civilização, mas ainda sim nos pareceria um bule e como tal seria real, e se visto, detectável por qualquer medo, não seria muito diferente como objeto de detecção deste monitor ou de meu teclado.

Porém, óh tristeza para os falaciosos, os “entes de razão”, abstratos, são fruto de construções linguísticas, lógicas, sobre postulados, axiomas. Sua construção e o seu imaginar, mentalizar, são presos pela lógica a estes ditames. A definição do abstrato triângulo não é logicamente compatível com um quadrado. O ente geométrico é impossível geometricamente, e isso é outra questão, de natureza lógica, filosófica (até em Filosofia da Matemática), completamente diferente de um aparente bule, uma estrutura alienígena ou mesmo uma forma de vida que lembre uma criatura mitológica, como um unicórnio, ou um cavalo arado, só para concentrar-me em exemplos mais clássicos em minhas apresentações do problema.

Releia unicórnio acima, e não empolgue-se se você não entendeu a questão, e colocar que uma fada não existiria, ou um gnomo, ou um duende nas luas de Júpiter, ou a construção louca que fosse, pois o problema não passa pelo ser ser absurdo ou fantasioso o suficiente, mas sim de que talvez o termo, por exemplo fada, fosse adequado a uma forma de vida, talvez inteligente e com os poderes da Sininho de Peter Pan, pois não é a similaridade com o fantasioso ou mitológico que é o problema, mas sim a distinção entre detecção e construção lógica que prove o não existir, que é uma impossibilidade.

Não se amedronte, nem seja um clássico “lelé” que acha que pode-se demonstrar que a partição do ângulo em três ângulos iguais por régua e compasso é possível, pois o problema parece simples, é sua lógica que, mal instruída e culturalmente sobre o problema limitada, o está levando a colocar uma falácia dentro da outra, só lamento. Os discursos sobre o problema são de colossos intelectuais e especialistas como Russel, Wittgenstein e outros, e devastadores sobre o problema.

Tais discursos relacionam-se inclusive com o problema de que não pode-se demonstrar a inexistência de deus (e por isso a única posição realmente honesta em Filosofia é o agnosticismo), de maneira tão direta e sólida como também os diversos crédulos não podem demonstrar que não somos as formigas numa gigantesca caixa, uma espécie de terrário, um aquário espacial, eu diria, de uma supercivilização ou de um superser evoluído ou resultante final de uma linhagem de supercivilizações, e assim ao infinito, em infinitas possibilidades de conjecturas.

Embora eu deteste a frase, em Filosofia, neste campo, o pau que bate em Francisco bate também em Chico, e até no vizinho do lado de apelido mais curto Xico. Somos tristes vítimas para sempre no fundo ignorantes, sejamos ateus ou os mais fervorosos crédulos

Para a lógica, o “tudo-que-existe” da Cosmologia Filosófica (que é distinta da Cosmologia Física) e para a Metafísica Contemporânea, a que afirma o que não se pode mais afirmar, a que inclusive mostra muros além dos quais sequer nossa mente pode passar, a única que não está como dizemos no ramo “destruída”, no jargão do ramo, “possui infinitas possibilidades”. Nossa mente é que dentre estas possibilidades não pode afirmar o que não existe, ou seja, o que não seja, demonstrando o inexistente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário