sexta-feira, 13 de junho de 2025

Para que serve “debater” com certos personagens - 7

 Perigos permanentes de pareidolias e velhos erros de raciocínio




Gemini da Google e Francisco Quiumento



Complementos a 


Para que serve “debater” com certos personagens - 4

Os Riscos do Pitagorismo Teísta: Quando a Matemática Vira Dogma

https://theosphagein.blogspot.com/2025/06/para-que-serve-debater-com-certos_9.html 

Pareidolia: Seguido produzindo analogias temerárias


Afirmações de crédulos seguido utilizam a semelhança visual apresentada em imagens (pareidolia) para fundamentar uma crença na existência de um Criador. Vamos analisar cada ponto levantado:

  1. "Dois neurônios são suficientes para entender que do Micro ao Macro há um padrão e a assinatura de um único Criador!"

    • A imagem compartilhada, de fato, ilustra semelhanças morfológicas impressionantes entre estruturas em escalas vastamente diferentes (nebulosas e olhos, estrelas e células, universo em sua “malha cósmica” dos aglomerados galáticos, e neurônios). A mente humana é naturalmente inclinada a buscar e reconhecer padrões.

    • Para o crédulo, essa recorrência de padrões em diversas escalas é interpretada como uma "assinatura" ou evidência de um design intencional, apontando para um Criador único. A lógica aqui é que a complexidade e a ordem observadas não seriam o resultado do acaso.

    • Cientificamente, essas semelhanças podem ser explicadas por princípios físicos e matemáticos subjacentes que regem a formação de estruturas em diferentes sistemas complexos, como fractais ou redes auto-organizadas. Ou seja, processos naturais podem gerar padrões semelhantes em diferentes contextos.


  1. "Acaso e aleatoriedade são propostas absolutamente impossíveis …"

    • Esta é uma negação direta da capacidade de processos aleatórios ou acidentais produzirem a complexidade e a ordem observadas.

    • No contexto científico, a evolução biológica, por exemplo, é explicada por um processo que envolve mutação (aleatoriedade) e seleção natural (um mecanismo não aleatório que "seleciona" o que é mais apto). O universo também é compreendido através de leis físicas que, embora permitam flutuações e eventos estocásticos, levam à formação de estruturas organizadas ao longo do tempo.

    • Para o crédulo, a intuição de que algo tão ordenado não pode ser "puramente" acidental é muito forte e se alinha com a ideia de um propósito ou inteligência por trás de tudo.


  1. "Daí dizer Albert Einstein, o maior gênio da Física mundial: 'O universo não pode ser explicado satisfatoriamente sem a presença de Deus' !"

    • A citação de Einstein é frequentemente usada para apoiar argumentos teístas. No entanto, é crucial entender o que Einstein queria dizer com "Deus".

    • Albert Einstein tinha uma visão complexa e muitas vezes ambígua sobre Deus. Ele rejeitava a ideia de um Deus pessoal, que intervém nos assuntos humanos ou que pode ser apaziguado por orações. Ele era ateu no sentido de não acreditar em um Deus pessoal.

    • O "Deus" de Einstein era mais uma metáfora para as leis impessoais e racionais que governam o universo, a ordem profunda e a harmonia que ele percebia na natureza. Ele se referia a um "Deus spinozista" (de Espinoza, filósofo do século XVII)  ou um "Deus da ordem cósmica", que se manifesta na beleza e inteligibilidade do universo. Sua famosa frase "Deus não joga dados com o universo" reflete sua crença em um universo determinista e ordenado por leis físicas.

    • Portanto, a citação, quando interpretada no contexto da filosofia de Einstein, não apoia a ideia de um Criador pessoal e interventor da mesma forma que um crédulo religioso tradicionalmente entende "Deus". Einstein estava mais maravilhado com a inteligibilidade do universo e sua capacidade de ser compreendido pela razão humana.

Em resumo, a afirmação do crédulo parte de uma observação visual de padrões (que podem ter explicações científicas alternativas) e de uma forte intuição contra o acaso, culminando na citação de uma autoridade científica, mas interpretando-a de uma forma que se alinha com uma visão teísta específica de um Criador pessoal. É um argumento que conecta a percepção de ordem com uma causa inteligente.


Extra

Para Ir Além: A Visão Panteísta de Baruch Espinoza

Para enriquecer ainda mais nossa reflexão sobre a causalidade e a natureza do universo, podemos explorar brevemente a filosofia de Baruch (ou Bento de) Espinoza (1632-1677), um dos grandes racionalistas do século XVII. Nascido em Amsterdã, em uma família de judeus sefarditas portugueses, Espinoza teve uma vida marcada por perseguições e excomunhão devido às suas ideias radicais.

Biografia em Breve:

Espinoza foi um pensador independente que vivia modestamente, trabalhando como polidor de lentes. Sua principal obra, a "Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras", publicada postumamente, apresenta um sistema filosófico rigoroso e dedutivo, influenciado pela matemática e pela lógica. Sua recusa em aceitar dogmas religiosos tradicionais e sua defesa da liberdade de pensamento o levaram a ser amplamente criticado e mal compreendido em sua época.

A Filosofia de Espinoza e o Panteísmo:

No cerne da filosofia de Espinoza está uma visão monista da realidade, onde existe apenas uma substância infinita e eterna. Essa substância, para Espinoza, é Deus ou a Natureza (Deus sive Natura). Essa identificação é a base do seu panteísmo, uma doutrina que difere significativamente do teísmo tradicional.

Em vez de um Deus transcendente e criador do universo a partir do nada, Espinoza concebe Deus como imanente ao próprio universo. Deus não é uma entidade separada da natureza, mas sim a própria totalidade da existência, a substância única que se manifesta em infinitos atributos (dos quais conhecemos apenas o Pensamento e a Extensão) e em infinitos modos (as coisas particulares que existem no mundo, incluindo nós mesmos).

Implicações para a Causalidade:

O panteísmo de Espinoza tem implicações profundas para a compreensão da causalidade. Para ele, não há causas transcendentes ou externas à natureza. Tudo o que acontece é uma manifestação necessária da natureza de Deus/Substância, seguindo leis causais intrínsecas a essa própria substância. A causalidade, portanto, não é uma força imposta de fora, mas sim a própria maneira como a substância infinita se expressa e se desenvolve.

Nessa visão, a aparente contingência dos eventos e a nossa sensação de livre-arbítrio são, em grande parte, ilusões decorrentes da nossa compreensão parcial e finita da totalidade da realidade. Para Espinoza, tudo está determinado pela natureza necessária da substância divina, embora essa determinação não seja uma imposição arbitrária de uma vontade externa, mas sim a consequência lógica da sua própria essência.

Contraponto ao Teísmo Tradicional:

A filosofia de Espinoza representa um contraste marcante com as visões teístas tradicionais que postulam um Deus pessoal, criador e separado do mundo, que age sobre ele através de causas externas. No panteísmo espinozano, Deus não é um agente causal transcendente, mas a própria realidade causal imanente.

Embora suas ideias tenham sido controversas e muitas vezes associadas ao ateísmo, a filosofia de Espinoza oferece uma perspectiva rica e complexa sobre a natureza da existência, a causalidade e a relação entre Deus e o universo, que continua a influenciar o pensamento filosófico até hoje.


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